Em sequência à divulgação dos resultados do Concurso para o Pavilhão do Brasil na Expo Milão 2015, apresentamos a proposta do escritório figueroa.arq, liderado pelo arquiteto Mario Figueroa. Veja algumas imagens, as pranchas e a descrição do projeto a seguir.
Dos arquitetos: A exposição “Brasil: Alimentando o mundo com soluções”, apresentada neste Pavilhão do Brasil para a Expo Milão 2015, propõe um mergulho sensorial e cognitivo no rico, multifacetado e sedutor universo dos alimentos produzidos pela mãe terra brasileira que através dos tempos vêm alimentando seus próprios filhos e, mais recentemente, povos dos quatro cantos do planeta.
Do plantio ao consumo, em todas as etapas da cadeia produtiva, tudo é aqui revelado e informado, entre tradição e tecnologia, através de uma experiência de visitação tão instigante e desafiadora tanto quanto consistente em seus conteúdos informativos e comovente em suas metáforas humanistas.
Assim como a arquitetura se vale da referência à cestaria nambiquara - instrumento de coleta e transporte dos produtos da terra – sublimando a astúcia de sua manufatura graciosa numa trama racional contemporânea, a linguagem da exposição também evoca outros dispositivos específicos, deles apropriando a potência poética que conecta a dimensão mais universal e atemporal do temário da feira.
No interior do edifício-balaio os visitantes poderão ver, ouvir, tocar, cheirar, saborear e, por fim, compreender a convivência possível entre diversidade e massificação, entre agronegócio e agricultura familiar, entre preservação da identidade e contemporaneidade globalizada. Variedade, exuberância, ineditismo, produtividade, abundância e inovação serão a marca de algumas surpresas reservadas ao público nacional e internacional nessa descoberta de um Brasil que vem se tornando um dos maiores celeiros do mundo atual.
Os ambientes internos do volume principal do edifício possuem características diversas. Alternância de pés-direitos elevados e baixos. Espaços amplamente descortinados para o exterior e outros, interiores, mais fechados. Presença dos silos estruturais circulares, diálogo com os mezaninos das áreas corporativas e administrativas que sobre a exposição se debruçam. A visitação se inicia pela descoberta desses ambientes, dentro do corpo principal, ao qual se tem acesso por meio de uma rampa generosa. E se encerra ao nível do solo, como metáfora de um retorno às “coisas da terra”, através da imersão na horta verdadeira que ocupa todo o terreno do pavilhão e onde se colherão produtos ali mesmo preparados na cozinha do estúdio de arte e gastronomia.
A Horta - Paisagismo Comestível]
O PAVILHÃO foi pensado para poder gerar um ciclo virtuoso através da Aquaponia, uma forma sustentável de cultivo orgânico que extrai os melhores atributos da hidroponia e da piscicultura. Peixes e plantas são cultivados dentro de um mesmo circuito e trabalham de forma simbiótica. Os peixes são alimentados e geram amônia em seus resíduos. Bactérias presentes no tanque dos peixes e na cama de cultivo convertem essa amônia nitrito e depois em nitrato, um fertilizante que alimenta as plantas. Essa água rica em nutrientes irriga a cama de cultivo de plantas onde é filtrada e aerada antes de retornar ao tanque dos peixes. A filtragem é feita pelas plantas e seu substrato, a aeração através de uma bomba alimentada por energia solar.
Terraço Jardim
A cobertura do PAVILHÃO do BRASIL será de acesso público permitindo a visitação do jardim ornamental assim como do complemento da horta. O acesso se dá pela Entrada Controlada do Térreo o que permite autonomia de uso e horários. O espaço se organiza a partir de um eixo longitudinal onde transversalmente se acoplam áreas de permanência dentro das áreas tratadas paisagisticamente.
Protegendo às áreas de estar da cobertura uma estrutura de madeira serve como suporte para as placas fotovoltaicas, o conjunto funciona como pérgola sombreando generosamente o setor.
A solução espacial adotada [paisagismo + pérgola de infraestrutura] permite uma melhoria significativa no desempenho térmico do PAVILHÃO.
Impacto Zero - Uma Nova Cultura
As principais questões a serem enfrentadas hoje são as energéticas, as relacionadas com a produção e uso de água e as ambientais em relação à eliminação dos resíduos. O conceito do IMPACTO ZERO introduz uma cultura de REVERSIBILIDADE, a definição de uma habitabilidade suave e temporal, que deve ser sempre que possível DESMONTÁVEL. Esta NOVA CULTURA MUNDIAL poderia ser exportada para outros contextos, informando uma atitude de extrema eficiência energética e da utilização de recursos mínimos na geração dos nossos “habitats”. A relação com o contexto torna-se intensa e interativa, integrando a participação de recursos naturais e artificiais em uma realidade reconfigurada pela ação do projeto.